top of page
Dra Geórgia Fonseca

A importância dos alimentos integrais na gestação



Durante a gestação ocorre uma série de alterações metabólicas no organismo materno que pode gerar desconforto e preocupação para a mulher que passa por esse lindo e delicado momento de sua vida. A alimentação balanceada, rica em nutrientes e fibras, exerce importante papel na saúde da mulher e do bebê em formação.

O que são alimentos integrais?

Alimentos integrais são cereais (trigo, arroz, aveia, centeio, cevada, quinua, amaranto, painço e milho) ou alimentos feitos a partir desses grãos utilizados em sua forma íntegra, ou seja, com preservação da casca, também conhecida como farelo, do endosperma, a parte central e mais abundante do grão, além do gérmen.

Os cereais integrais são ricos em vitamina E, vitaminas do complexo B e minerais como o selênio, zinco, cobre, ferro, magnésio e fósforo. Também são ricos em carboidratos complexos e fibras. No farelo há grande concentração de fibras, enquanto no endosperma estão concentrados os carboidratos, importantes para o fornecimento de energia para o organismo. O gérmen possui alta quantidade de minerais, vitaminas e fitoquímicos.

O que diferencia os alimentos refinados dos integrais é que, durante o processo de moagem e refinamento, há perda do farelo e do gérmen, permanecendo apenas o endosperma. Como consequência há grande perda de nutrientes e fibras.

Quais os benefícios dos alimentos integrais para as gestantes?

Uma das grandes queixas da maioria das grávidas é a constipação intestinal. Tem intestino preso quem apresenta dois ou mais dos seguintes sintomas: ritmo intestinal com menos de três evacuações por semana, sensação de dificuldade para evacuar, fezes pequenas e endurecidas e sensação de evacuação incompleta.

Uma das explicações para esses sintomas é que durante a gravidez a progesterona reduz a produção de motilina, uma substância produzida pelas células do intestino que atua na motilidade intestinal. Como consequência, o tempo que o bolo alimentar fica no intestino é aumentado, as fezes perdem água e reduzem de volume, contribuindo para a constipação.

O consumo de alimentos integrais contribui para a redução dos sintomas da constipação devido ao seu alto teor de fibras, que aumenta a quantidade de água do bolo alimentar fazendo com que haja aumento de volume e melhoria da passagem pelo intestino.

Outro grande benefício dos alimentos integrais diz respeito à absorção mais lenta de carboidratos. A gestação é um estado em que a quantidade de insulina, hormônio que atua na entrada da glicose do sangue para a célula, está naturalmente mais alta, caracterizado por uma diminuição da sensibilidade deste hormônio, parcialmente explicada pela presença de hormônios diabetogênicos, tais como a progesterona, o cortisol, a prolactina e o hormônio lactogênico placentário. As taxas de açúcar do sangue, quando em jejum, tendem a ser mais baixas na gestante, contudo, os valores após as refeições são mais altos.

Evidências experimentais têm demonstrado que a ingestão de fibras, presentes nos alimentos integrais, diminui a absorção de glicose, beneficiando diretamente a glicemia após as refeições. Com uma absorção de glicose mais lenta, o organismo dá conta de produzir quantidade necessária de insulina para que o açúcar seja absorvido corretamente.

O controle do ganho de peso também pode sofrer influência positiva dos alimentos integrais. As refeições ricas em fibras estão ligadas ao esvaziamento do estômago mais lento, o que promove saciedade mais prolongada. Além disso, alimentos integrais são mais volumosos e contém menor teor de calorias por grama, quando comparado ao alimento refinado, o que limita a ingestão energética.

O bebê também ganha com consumo de alimentos integrais.

Quando falamos de alimentos integrais, as fibras ganham destaque devido as suas inúmeras funções benéficas para o organismo, mas não podemos nos esquecer que grãos integrais são muito mais do que fibras.

A grande variedade de vitaminas e minerais presentes nos alimentos integrais garante maior aporte de nutrientes para o bebê, permitindo que a gravidez flua na sua integralidade e que o bebê em formação se desenvolva plenamente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Chandalia M. Dietary treatment of Diabetes Mellitus. New Engl. J. Med., v.342, p.1392-1398, 2000.

Freitas ES, Dal Bosco SM, Sippel CA, Lazzaretti RK. Recomendações nutricionais na gestação Revista Destaques Acadêmicos, Ano 2, N. 3, 2010 - CCBS/UNIVATES.

Maganha CA, Vanni DGBS, Bernanrdini MA, Zugaib M. Tratamento do diabetes melito gestacional. Rev Assoc Med Bras; 49(3): 330-4, 2003.

Melo ASO, AssunçãoPL, Gondim SSR, Carvalho DFC, Amorim MMR, Benicio MHA, Cardoso MAA.Estado nutricional materno, ganho de peso gestacional e peso ao nascer.Rev. bras. epidemiol. vol.10 no.2. São Paulo June, 2007.

Mira GS; Graf H; Cândido LMB. Visão retrospectiva em fibras alimentares com ênfase em beta-glucanas no tratamento do diabetes. Braz. J. Pharm. Sci. vol.45 no.1 São Paulo Jan./Mar, 2009.

Rollls BJ, Bell EA, Castellanos VH, Chow M, Pelkman CL, Thorwart ML. Energy density but not fat content of foods affected energy intake in lean and obese women. Am. J. Clin. Nutr., v.69, p.863-871, 1999.

bottom of page