Com todo nosso afã e trabalho no Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo, acabei por me deter longamente, em minhas leituras diárias, com a seguinte quadra de Casimiro Cunha:
"Palavras, prantos, discursos,
Merecem todo respeito,
Mas são zero se lhes falta
Caminho nobre e direito."
Me quedei longamente neste versinho que me veio aos olhos surpresos, ao abrir um livro ao acaso. Sim! Estava ali o que eu procurava para expressar exatamente o que sinto em todo dia 2 de Abril. Não acendo luz azul, não visto azul. Procuro acender esta luz com minhas mãos no meu trabalho. E estes pequeninos versos foram o consolo do meu coração que andava preocupado em porventura estar equivocada.
Toda pequenina semente carrega o gérmen do futuro. Mas quando plantamos, necessitamos também do esforço ativo para que a sementeira prospere e o pomar possa dar seus frutos.
Passamos o dia em atividades para acendermos a luz azul da conscientização. Mas não podemos esquecer que, para que a luz se destaque da treva, será necessário um processo educativo constante, que nos exigirá muito tempo e esforço. Nada se faz da noite para o dia. Se Deus pôde dizer - "Faça-se a luz" e a luz se fez - Thomas Edison teve 700 tentativas infrutíferas em nos deixar a lâmpada elétrica!
Precisamos educar as mentes, principalmente as jovens, para transformarmos a ignorância em conhecimento, e esse conhecimento, em humanidade e inclusão.
Precisamos espalhar estes convites edificantes todos os dias, porque há uma grande e difícil obra a ser realizada, que é iluminar a mente dos homens, que andam ignorantes não só sobre a causa do Autismo, mas sobre tudo o que represente fraternidade e aceitação das diferenças.
Precisaremos edificar sobre a rocha para que nosso trabalho se expresse em luz. Essa luz azul que tantos desejam que se transforme em expressão de claridade sobre as mentes. Há inúmeros obstáculos, surpresas, perversidades e indiferenças nesse caminho, e nosso trabalho deve começar sempre na exemplificação.
Somos mesmo trabalhadores da causa? Porque todos vivem atentos às edificações dos outros e esquecem de si próprios. Nosso trabalho de conscientização virá pelos nossos exemplos, nosso trabalho feito com verdadeiro amor e dedicação por estas crianças, com o suor de nosso esforço operoso e contínuo.
Edificar sobre a rocha da montanha! Assim, nada a derrubará. Ficará intacta apesar de pedradas, e a luz permanecerá acesa.
Desejamos acender uma luz azul? Trabalhemos pela continuidade desta luz!
É a luz que nos cabe acender nesta existência. Para ela fomos chamados aqui e agora.
A claridade da paz e do bem, da cooperação, do entendimento, da fraternidade, da dedicação verdadeira transformada em trabalho deve começar em nossos corações
para que possamos avançar livres e confiantes. A cabeça deve se nutrir nas águas do coração e a fala no esforço dos pés e das mãos. E se assim o fizermos, com confiança, boa vontade e persistência, no futuro essa luz brilhará mais linda!
Paz e luz. Luz azul de trabalho e amor.
Dra Geórgia Fonseca